Tanto o cinema quanto o teatro nacional estão numa fase boa
de retratar a biografia de grandes personagens brasileiros. No teatro, os
musicais de Tim Maia, Cazuza, Elis Regina e, o mais recente, Chacrinha são
alguns exemplos dessa nova leva. No cinema, alguns filmes também contam a
trajetória de personalidades como Ayrton Senna, Raul Seixas, Renato Russo,
Paulo Coelho etc.
Muitas dessas biografias contam passagens de superação,
dificuldades, mas também polêmicas de vidas regadas a muitas brigas, bebidas e
drogas. Alguns artistas são endeusados, considerados transgressores,
vanguardistas, muitas vezes heróis. Mas estão longe de ser exemplos de qualquer
coisa. Boas histórias devem ser contadas sempre, independente de seus
protagonistas.
Mas quando se trata de uma personagem como a freira baiana,
mais conhecida como Irmã Dulce, a impressão que temos é que a arte atingiu seu
verdadeiro objetivo. Quantos de nós buscamos nos livros, principalmente,
histórias que nos sirvam de exemplos e, mais que isso, despertam a vontade de
mudar?
Irmã Dulce é exemplo de amor, e suas ações nos levam a
acreditar que basta boa vontade e perseverança para ajudar a quem precisa, seja
lá quem for. Ela enxergou isso e foi capaz de enfrentar até a instituição da
Igreja Católica para alcançar seu maior objetivo na vida: praticar a caridade.
No caso, o “enfrentar” a igreja corresponde transgredir regras, não respeitar a
hierarquia por uma boa causa, e provocar uma mudança de paradigma de que todos,
sem exceção, podem colocar a mão na massa. O maior exemplo disso foi o fato
dela levar para dentro do convento pessoas carentes e doentes que não eram
atendidas nos hospitais da região de Salvador, ainda na década de 1940. Ela foi
capaz de transformar o galinheiro ao lado convento, onde morava, em um
ambulatório, com ajuda do governador e de empresários locais.
Atualmente, o hospital Santo Antônio se tornou um dos
maiores da região, e um dos principais em atendimento a usuários do Sistema
Único de Saúde, entre idosos, pessoas com deficiência e com deformidades,
moradores de rua, jovens e crianças carentes. As Obras Sociais Irmã Dulce
(OSID) foi o principal legado que ela pôde deixar, porque, segundo a própria,
o que é de Deus é eterno.
Um filme simples, porém extremamente sensível e emocionante.
Assim resumo essa belíssima obra que estreia essa semana nas salas de cinema do
Rio. Todos nós precisamos, sem exceção, ouvir suas palavras, ver suas ações,
sentir sua emoção em ajudar ao próximo.
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