8 de março de 2016

Dia Internacional da Mulher – as mães que criam seus filhos

Hoje é aquele dia em que seu timeline fica repleto de mensagens em homenagem às mulheres. E nem sempre as mensagens são singelas, porque em tempo de #calabocajamorreu, elas “comemoram” denunciando os inúmeros casos de abusos, violências e machismos que ainda sofrem nos dias atuais.

Frases do tipo “Enfie suas flores no rabo e me respeite o ano inteiro” substituem o lugar-comum do Dia Internacional da Mulher. Nos últimos anos, muitas ações feministas vieram com força total nas redes sociais, levantando bandeiras e criando polêmicas, como a campanha do “#meuamigosecreto”, quando mulheres relatavam casos de abusos sofridos por pessoas próximas, expondo o machismo arraigado na sociedade e a hipocrisia de seus colegas e amigos.

Elas exigem respeito os 365 dias do ano. Elas cansaram de sofrer com piadinhas e cantadas desrespeitosas, e passaram a chamar atenção com voz ativa.

Eu acredito que uma cultura machista se perpetue por conta da educação que muitos pais insistem preservar. Gerações e mais gerações foram educadas escutando “isso não é coisa para homem fazer, é o papel da mulher”, “homem sempre traiu e sempre trairá, é da cultura dele”, “homem que bebe e fala muito palavrão já é feio, mulher então... pior ainda”, “isso não são modos de uma menina de família”, “segurem suas cabras, que meu bode está solto”, “ah têm coisas que só mãe resolve, pai é incapaz de agir” e por aí vai. Era bastante comum, inclusive, pais ensinaram os deveres de casa a suas filhas, enquanto os filhos eram dispensáveis até de lavar sua louça.

Lembro de um episódio, quando éramos adolescentes, de uma amiga que namorava um colega de escola. Ela era virgem, e ele já não era. A mãe dessa amiga, que se dizia super liberal e “enturmada” com os jovens, era primeira dizer para própria filha: “deixa ele transar com outras meninas, minha filha. É da natureza do homem não aguentar esperar, ele precisa desafogar... você não é obrigada a perder sua virgindade para segurar o namorado”.

Por essas e outras histórias, eu tenho a convicção que só haverá mudança de fato quando a educação de base, de dentro de casa, dos pais com seus filhos, se transformar não só em pensamento mas, principalmente, em atitudes. Educar seus filhos com igualdade de gêneros é mostrar que não há diferença quem vai lavar, passar, cozinhar, trocar a lâmpada, calibrar os pneus, trocar a fralda do filho, preparar a mala da viagem, pendurar o quadro na parede etc. É mudar o discurso que homem pode, mulher não pode. Ensinar o homem a respeitar uma mulher, é começar mostrando que o filho deve respeitar e valorizar a própria mãe.

Em todo minuto, nos pegamos em situações de machismo. Seja num discurso, seja num pensamento, seja numa atitude. Não custa nada preparar o jantar e depois tirar o prato da mesa e lavar uma louça, enquanto sua mãe descansa no sofá, com as pernas para o ar, vendo a novela das 9. Não custa nada preparar a mochila do filho na escola para o dia seguinte, lembrando que ele terá aula de natação, enquanto a esposa vai fazer as unhas no salão. Não custa nada sugerir o cardápio da semana, lembrando do que vai comprar no mercado ou na feira, enquanto ela termina aquele relatório chato para o dia seguinte. Não custa nada.


Sou o terceiro filho, de três filhos homens. Numa casa com quatro homens para uma única mulher, o Dia Internacional da Mulher sempre foi todos os dias. Mesmo na sua ausência, ela se fazia presente, porque se a bagunça permanecesse na casa, o esporro era certo na sua volta. E aqueles valores de “fidelidade”, “respeito ao próximo” e “amar o semelhante assim como nós nos amamos” foram ensinados desde sempre. Porque antes de respeitar qualquer mulher, eu aprendi respeitar primeiro a minha mãe.

2 comentários:

Flávia disse...

Que lindo texto, amigo!!! É exatamente isso.. Começa desde cedo, na educacao de futuros homens e mulheres! Arrasou no texto ; )

railer disse...

oi mário, vim aqui dar um oi e te convidar pra visitar o raileronline, que está com postagens novas! abraços!