19 de maio de 2017

Jeri – O paraíso é aqui!




Jericoacoara é uma cidade a 300 km de Fortaleza que faz jus à fama de Paraíso! Chegar nesse recanto não é uma tarefa fácil, mas vale muito a pena viver a experiência. Conheci Jeri, como é conhecido, em 2002, e confesso que na época não tinha gostado muito. Não havia estrutura na pequena vila de pescadores para atender aos turistas. Tanto a hospedagem quanto o comércio local eram bem precários, e o que valia mesmo era a beleza natural. As praias, os lagos, a tranquilidade, tudo isso garantia um recanto único, que atraia turistas de todos os cantos do mundo.


Na época, a única forma de transporte era ônibus até a Jijoca e depois se encarava 1h30 de pau de arara, sacolejando pela estrada de terra, com vários buracos. Conforto nenhum. A viagem levava cerca de 7 horas do centro de Fortaleza até a vila de Jeri. Hoje, o mesmo percurso pode ser feito por 4 horas, em caminhonetes 4x4, com todo conforto, pegando a rota pela praia do Preá até o Parque Nacional de Jericoacoara. Foi o que fizemos nessa viagem e super recomendo. Ainda existe a opção de ônibus e pau de arara, mas acredito que vale o investimento do transfer particular (ou compartilhado, como foi nosso caso).


Ao chegar em Jeri, é comum as pessoas demorarem um pouco para entrar no clima da vila. Primeiro: esqueça calçado. Você não vai precisar usar. Sério! Só se anda de chinelo ou sandália. As ruas são todas de areia e mesmo que você programe jantar num lugar mais refinado, você certamente vai de chinelo e ninguém vai reparar!

Árvore da Preguiça


Segundo: esqueça internet no celular e sinal, porque são difíceis de encontrar na vila. Isso é um ponto ótimo, porque você literalmente se desliga do mundo e vai curtir o que há de melhor na cidade! Deixa para conferir mensagens, e-mails e telefones quando voltar para a pousada, quando tiver wi-fi. Terceiro: aventure-se! Jericoacoara é cercada de dunas convidativas, lagoas, praias e, portanto, muitas opções de aventura! Passeio de buggy ou quadriciclo é obrigatório! Seja para o passeio até as Lagoas Azul e Paraíso (direção leste), seja para Tatajuba e suas dunas encantadas e a Lagoa Grande (direção oeste), onde encontram-se o famoso skibunda e o tobo-água.

Duna do Pôr do Sol

Quarto: programa-se! Esse deveria ser, na verdade, o primeiro item! Se você pretende viajar no período entre janeiro e junho, prepara-se para a temporada de chuvas! Vantagem: período de lagoas cheias, como Lagoa Azul e Lagoa Grande, e pouquíssimo vento, o que se torna um convite para praticar o SUP (Stand up Padle) – há vários pontos de aluguel de prancha. Desvantagem: você pode encarar pancadas de chuvas ao longo do dia! Isso não significa que terá sua viagem perdida, afinal, lembre-se: você está no nordeste! O que pode acontecer é você programar um passeio para praia ou lagoa, e o dia ficar um pouco nublado, mas nunca chover o dia inteiro. Já para quem optar viajar entre julho e dezembro, a garantia de sol quente (eu disse QUENTE) é muito forte! Prepara-se para muito protetor solar, porque o bicho pega no verão deles! Ah, claro, o vento também é um elemento muito presente nessa época. É justamente a época que os fãs de Wake-surf e Windsurf se esbaldam nas praias de Jeri. O Club do Vento, um beach club, aluga todo equipamento para a prática dos esportes. Como fui em maio, não havia vento, o que garantiu praticar o que mais gosto: SUP. O aluguel de prancha sai por R$30 por uma hora (Club do Vento), já nas Lagoas, eles costumam cobrar o mesmo valor, só que por meia hora.

Club do Vento na Praia de Jeri

Quinto: fique de olho na tabela das marés. Não sei se você já sabe, mas todo litoral nordestino tem sua “programação” baseada nessa tabela. O motivo é simples: com maré alta, muitos passeios podem ser prejudicados. Qualquer agência de turismo, onde vende os passeios, pode indicar como está a tabela no período que estiver na vila. 


Nessa tabela, você saberá a hora da maré alta e a hora da maré baixa. Assim fica fácil para programar todos os passeios. Inclusive, o principal passeio de Jeri: a famosa Pedra Furada! Esse canto especial da praia de Jeri fica a pelo menos 2 km da vila de Jeri. Então, há duas opções: ou vai caminhando pela orla (se a maré tiver baixa) ou vai pelo morro do Serrote. Eu fui andando pelo morro do Serrote e voltei pela praia, porque o horário de maré baixa era 13h50 naquele dia. Saímos da vila por volta de 11h e numa caminhada bem tranquila, chegamos até a Pedra Furada e retornamos pela Praia da Malhada, parando para mergulhar, apreciando as piscinas naturais formadas com a maré baixa e conhecendo a pequena gruta no meio do caminho.

Pedra Furada - Cartão Postal

Aos preguiçosos (ou impossibilitados), há opção de ir de buggy, mas ainda assim é preciso ir quando a maré tiver baixa, porque o buggy vai pela praia, ou de charrete pelo morro do Serrote. O que não pode é deixar de conhecer o cartão postal de Jeri que é a Pedra Furada!

caminhada pelo Morro do Serrote até Pedra Furada

Outro passeio obrigatório em Jeri é subir a Duna do Pôr do Sol. Sim, existe uma duna que o nome já define sua função, porque é um dos espetáculos da natureza mais esperados pelos visitantes na vila. Além de apreciar o pôr do sol no horizonte do oceano, é possível ver toda orla de Jeri, desde o lado mais movimentado, com seus bares e pousadas, até o lado mais calmo e deserto. Vale lembrar que nem sempre é possível assisti ao pôr do sol, por conta das nuvens, principalmente nesse período de chuvas. Durante a semana que passei em Jeri, apenas um dia conseguimos acompanhar o sol se pôr, e mesmo assim foi entre nuvens, mas não menos emocionante.

E mais...

Lagoa Azul e Lagoa do Paraíso
 
SUP na Lagoa Azul
O tradicional passeio para as Lagoas Azul e Paraíso pode ser feito por buggy ou quadriciclo, com duração de seis horas. A Lagoa Azul por muito tempo ficou praticamente sumida pela falta de chuva na região. Mas em 2017, o “inverno” nordestino foi providencial e garantiu a volta da lagoa cheia, azul, como nome já diz, e convidativa. As redes espalhadas dentro da lagoa já se tornaram tradição e todo turista já sabe que vai encontra-las na lagoa. 


Já sobre a Lagoa do Paraíso, confesso que me espantei ao deparar com a mega estrutura do restaurante Alchymist – uma espécie de beach club, bem no estilo europeu para atrair o turista de alto padrão. O lugar surpreende pela área ocupada, a estrutura de mesas, esteiras à beira da lagoa (paga à parte), redes, além do serviço e música ambiente. Claro que isso se traduz em preços salgados para o turista. 



Em conversa com alguns moradores de Jeri, a história desse restaurante é bem esquisita. O dono é um italiano rico, que comprou um antigo quiosque bem localizado na lagoa, e resolveu construir um verdadeiro clube, desrespeitando os limites ambientais, fechando estrada e instalando uma estrutura desproporcional ao clima da região. Até pouco tempo, o estabelecimento estava embargado, por problemas com a justiça. Mas nada que um dinheiro forte para manter o negócio funcionando.
Mas há outras opções, como o restaurante do Paulo, bem rústico e muito mais característico com o clima do lugar. Pena que a maioria dos guias acaba levando o turista para o beach club, por ganhar comissão.

Tatajuba e Lagoa Grande



O passeio para o lado oeste guarda algumas boas surpresas. Já começando pelo caminho, repleto de dunas que desvendam paisagens fantásticas escondidas atrás delas, com formação de lagos. Tanto de buggy quanto de quadriciclo, o passeio se torna ainda mais prazerosa com as subidas e descidas alucinantes. Talvez a única furada desse passeio seja a parada para ver cavalos marinhos. Como já viajei sabendo dessa furada, pedimos para o guia pular essa parte e seguir para o ponto principal. No caminho, passamos por uma espécie de mangue, com árvores e galhos baixos, que garantem um “parque” repleto de balanços (de todas as alturas) e redes. A parada é rápida, apenas para garantir boas fotos para seu Instagram. Seguindo viagem, a parada seguinte é no famoso Skibunda em uma das dunas mais altas. Em período de chuva, forma-se um pequeno lago, onde quem desce de skibunda, cai direto na água. Imperdível! Os “donos da bola” cobram R$10 para você descer quantas vezes quiser... Você, empolgado, pensa “opa, vou descer umas 10 vezes!”. Você desce uma, sobe, desce duas, sobe... ufa, peraí (para pra pegar um folego), opa, desce três e... chega. Nossa, a subida cansa! E daí você desiste de brincar, porque como diz o ditado “para descer, todo santo ajuda, já pra subir...” valem suas pernas para aguentar!


Já na Lagoa Grande, o passeio encontra o ponto máximo! Você se depara com uma lagoa tranquila, cheia de redes e se esquece da vida urbana! O cardápio oferecido é algo inusitado. Ao invés de folhas com os nomes e seus devidos valores, o garçom traz uma bandeja. Sim, é isso mesmo. A bandeja com peixe, camarão e lagosta vem para você escolher qual quitute você opta para ir ao fogo, garantindo que tudo ali é super fresco! Os valores? “Nada que não possamos negociar...” E assim você acaba escolhendo o prato e, só depois de comer, você saberá a conta, rs. No nosso caso, insistimos para saber os valores. Um peixe grande custava R$170 para até quatro pessoas, quatro lagosta R$120, uma porção de camarão saia por R$70. 


Na lagoa, é possível praticar SUP ou caiaque, e descer num toboagua improvisado bem interessante. O passeio todo dura por volta de 5 horas. A volta é pelo mesmo caminho pela praia (se a maré tiver baixa), ou pelas dunas. Lembrando que apenas as Dunas de Tutujuba são liberadas para andar de buggy ou quadriciclo. É proibido dirigir Parque Nacional de Jeri.

Gastronomia de Jeri

A gastronomia de Jeri é um item a parte do roteiro. Há 15 anos, quando conheci Jeri, contava-se nos dedos o número de restaurantes e bares que valiam a pena conhecer. De lá pra cá, o comércio da vila cresceu absurdamente, e para muito melhor. São muitas opções, desde botecos e quiosques simples na rua, até restaurante refinados, com cardápios de alta gastronomia e custo elevado. Vale a pena apreciar seus sabores e alguns cantos que reservam surpresas gastronômicas que difícil encontrar em outros lugares, até em cidade grande. Minha grande sorte foi receber de um casal amigo, que passou lua de mel por lá, um roteiro que eles ganharam e que descrevia os principais lugares para comer, com classificação de valores (dos mais baratos $ até os mais $$$$$). Seguimos várias das dicas e podemos dizer que aprovamos quase todas, cada um dentro de sua categoria, é claro!

Restaurante Naturalmente – especialidade: Crepe! Gostei tanto que voltei no último dia para jantar. A massa é absurda de gostosa, fina e crocante! Os recheios podem ser tradicionais, mas há alguns diferentes, que valem a pena experimentar. Preço $$

Shopping da Tapioca (Tia Angelita) – especialidade: Tapioca (óbvio, rs!). Lugar super simples, um pouco afastado da vila, com horário de funcionamento meio estranho pelo movimento na região (funciona das 14h às 20h), mas com uma variedade farta de tapiocas. A sobremesa pode ser tapioca doce, mas vale experimentar a torta de banana que é especial da casa. Preço $

Sabor da Terra – serve uma variedade de pratos típicos. Na verdade, conhecemos o restaurante porque queríamos comer o típico baião de dois, com carne de sol e macaxeira. Achamos lá e foi uma delícia! Preço super justo para quantidade ($$).

Na Casa Dela – restaurante de variedades. Só o lugar já vale o passeio. Decoração intimista, diferente, rústica, e você faz sua refeição com pé na areia (no sabor da terra também!). Pedi um peixe na brasa (especialidade da casa) para uma pessoa, com direito a dois acompanhamentos. O peixe era tão grande, que serviria duas ou três facilmente. Também preço justo para o que é oferecido ($$$).

Leonardo da Vinci – especialidade: massa. O lugar é aconchegante, fica bem no centro da vila, e o cardápio é convidativo. Pedi uma massa fresca com frutos do mar. Achei gostoso, mas OK. Pelo valor cobrado, esperava mais (mais frutos do mar, inclusive!). Preço $$$$

Pimenta Verde – restaurante de variedades. Esse restaurante ficava bem próximo à nossa pousada. Passávamos várias vezes por ele, mas nunca parávamos lá. Até que no último dia, resolvemos almoçar por lá. E como valeu a pena. Os pratos são bem servidos e são maravilhosos. Eu pedi, por exemplo, um risoto de funghi, com camarão e palmito. Uma delícia! Preço justo também ($$$).

Gelato e Grano – sorveteria. Parada obrigatória para quem ama sorvete. É tipo parar todos os dias após a refeição e provar um sabor diferente. Caro, mas vale a pena. $$$

Serviços
- Hospedagem: ficamos na Pousada Aki Jeri, super bem localizada. Aconchegante, ótimo serviço (ótimo café da manhã e ainda cortesia de café e bolo à tarde), quartos padronizados espaçosos, novos e com uma delícia rede na frente da porta.
reservas@akijeri.com.br - akijeripousada@hotmail.com.br / (88) 9.9629.1434 / (88) 9.9973.6114
- transfer Fortaleza – Jeri: Há muitas opções de 4X4. A maioria é particular, mas conseguimos fechar compartilhado, saindo R$300 ida e volta por pessoa.
Claudinho Receptivo Turístico – claudio.jeri@outlook.com / (85) 9 8188-2223/ (88) 9 9992-2920
- passeios Buggy e Quadriciclo - JIC-TUR www.jic-tur.com.br / (85) 99820-7606 / (88) 99782-2928
contato@jic-tur.com.br

Um comentário:

Flávia disse...

Ameeei!!! Realmente esse lugar é o paraíso!!! Não foi à toa q escolhi passar a lua de mel aí : )