Jericoacoara é uma cidade a 300 km de Fortaleza que faz jus
à fama de Paraíso! Chegar nesse recanto não é uma tarefa fácil, mas vale muito
a pena viver a experiência. Conheci Jeri, como é conhecido, em 2002, e confesso
que na época não tinha gostado muito. Não havia estrutura na pequena vila de
pescadores para atender aos turistas. Tanto a hospedagem quanto o comércio
local eram bem precários, e o que valia mesmo era a beleza natural. As praias,
os lagos, a tranquilidade, tudo isso garantia um recanto único, que atraia
turistas de todos os cantos do mundo.
Na época, a única forma de transporte era ônibus até a
Jijoca e depois se encarava 1h30 de pau de arara, sacolejando pela estrada de
terra, com vários buracos. Conforto nenhum. A viagem levava cerca de 7 horas do
centro de Fortaleza até a vila de Jeri. Hoje, o mesmo percurso pode ser feito
por 4 horas, em caminhonetes 4x4, com todo conforto, pegando a rota pela praia
do Preá até o Parque Nacional de Jericoacoara. Foi o que fizemos nessa viagem e
super recomendo. Ainda existe a opção de ônibus e pau de arara, mas acredito
que vale o investimento do transfer particular (ou compartilhado, como foi
nosso caso).
Ao chegar em Jeri, é comum as pessoas demorarem um pouco
para entrar no clima da vila. Primeiro: esqueça calçado. Você não vai precisar
usar. Sério! Só se anda de chinelo ou sandália. As ruas são todas de areia e
mesmo que você programe jantar num lugar mais refinado, você certamente vai de
chinelo e ninguém vai reparar!
Árvore da Preguiça |
Segundo: esqueça internet no celular e sinal, porque são
difíceis de encontrar na vila. Isso é um ponto ótimo, porque você literalmente
se desliga do mundo e vai curtir o que há de melhor na cidade! Deixa para
conferir mensagens, e-mails e telefones quando voltar para a pousada, quando
tiver wi-fi. Terceiro: aventure-se! Jericoacoara é cercada de dunas
convidativas, lagoas, praias e, portanto, muitas opções de aventura! Passeio de
buggy ou quadriciclo é obrigatório! Seja para o passeio até as Lagoas Azul e
Paraíso (direção leste), seja para Tatajuba e suas dunas encantadas e a Lagoa
Grande (direção oeste), onde encontram-se o famoso skibunda e o tobo-água.
Duna do Pôr do Sol |
Quarto: programa-se! Esse deveria ser, na verdade, o
primeiro item! Se você pretende viajar no período entre janeiro e junho, prepara-se
para a temporada de chuvas! Vantagem: período de lagoas cheias, como Lagoa Azul
e Lagoa Grande, e pouquíssimo vento, o que se torna um convite para praticar o
SUP (Stand up Padle) – há vários pontos de aluguel de prancha. Desvantagem:
você pode encarar pancadas de chuvas ao longo do dia! Isso não significa que
terá sua viagem perdida, afinal, lembre-se: você está no nordeste! O que pode
acontecer é você programar um passeio para praia ou lagoa, e o dia ficar um
pouco nublado, mas nunca chover o dia inteiro. Já para quem optar viajar entre
julho e dezembro, a garantia de sol quente (eu disse QUENTE) é muito forte!
Prepara-se para muito protetor solar, porque o bicho pega no verão deles! Ah,
claro, o vento também é um elemento muito presente nessa época. É justamente a
época que os fãs de Wake-surf e Windsurf se esbaldam nas praias de Jeri. O Club
do Vento, um beach club, aluga todo equipamento para a prática dos esportes.
Como fui em maio, não havia vento, o que garantiu praticar o que mais gosto:
SUP. O aluguel de prancha sai por R$30 por uma hora (Club do Vento), já nas
Lagoas, eles costumam cobrar o mesmo valor, só que por meia hora.
Club do Vento na Praia de Jeri |
Quinto: fique de olho na tabela das marés. Não sei se você
já sabe, mas todo litoral nordestino tem sua “programação” baseada nessa
tabela. O motivo é simples: com maré alta, muitos passeios podem ser
prejudicados. Qualquer agência de turismo, onde vende os passeios, pode indicar
como está a tabela no período que estiver na vila.
Nessa tabela, você saberá a hora da maré alta e a hora da
maré baixa. Assim fica fácil para programar todos os passeios. Inclusive, o
principal passeio de Jeri: a famosa Pedra Furada! Esse canto especial da praia
de Jeri fica a pelo menos 2 km da vila de Jeri. Então, há duas opções: ou vai
caminhando pela orla (se a maré tiver baixa) ou vai pelo morro do Serrote. Eu
fui andando pelo morro do Serrote e voltei pela praia, porque o horário de maré
baixa era 13h50 naquele dia. Saímos da vila por volta de 11h e numa caminhada bem
tranquila, chegamos até a Pedra Furada e retornamos pela Praia da Malhada,
parando para mergulhar, apreciando as piscinas naturais formadas com a maré
baixa e conhecendo a pequena gruta no meio do caminho.
Pedra Furada - Cartão Postal |
Aos preguiçosos (ou impossibilitados), há opção de ir de
buggy, mas ainda assim é preciso ir quando a maré tiver baixa, porque o buggy
vai pela praia, ou de charrete pelo morro do Serrote. O que não pode é deixar
de conhecer o cartão postal de Jeri que é a Pedra Furada!
caminhada pelo Morro do Serrote até Pedra Furada |
Outro passeio obrigatório em Jeri é subir a Duna do Pôr do
Sol. Sim, existe uma duna que o nome já define sua função, porque é um dos
espetáculos da natureza mais esperados pelos visitantes na vila. Além de
apreciar o pôr do sol no horizonte do oceano, é possível ver toda orla de Jeri,
desde o lado mais movimentado, com seus bares e pousadas, até o lado mais calmo
e deserto. Vale lembrar que nem sempre é possível assisti ao pôr do sol, por
conta das nuvens, principalmente nesse período de chuvas. Durante a semana que
passei em Jeri, apenas um dia conseguimos acompanhar o sol se pôr, e mesmo
assim foi entre nuvens, mas não menos emocionante.
E mais...
Lagoa Azul e Lagoa do Paraíso
SUP na Lagoa Azul |
O tradicional passeio para as Lagoas Azul e Paraíso pode ser
feito por buggy ou quadriciclo, com duração de seis horas. A Lagoa Azul por
muito tempo ficou praticamente sumida pela falta de chuva na região. Mas em
2017, o “inverno” nordestino foi providencial e garantiu a volta da lagoa
cheia, azul, como nome já diz, e convidativa. As redes espalhadas dentro da
lagoa já se tornaram tradição e todo turista já sabe que vai encontra-las na
lagoa.
Já sobre a Lagoa do Paraíso, confesso que me espantei ao deparar
com a mega estrutura do restaurante Alchymist – uma espécie de beach club, bem no estilo europeu para
atrair o turista de alto padrão. O lugar surpreende pela área ocupada, a
estrutura de mesas, esteiras à beira da lagoa (paga à parte), redes, além do
serviço e música ambiente. Claro que isso se traduz em preços salgados para o
turista.
Em conversa com alguns moradores de Jeri, a história desse
restaurante é bem esquisita. O dono é um italiano rico, que comprou um antigo
quiosque bem localizado na lagoa, e resolveu construir um verdadeiro clube,
desrespeitando os limites ambientais, fechando estrada e instalando uma
estrutura desproporcional ao clima da região. Até pouco tempo, o
estabelecimento estava embargado, por problemas com a justiça. Mas nada que um
dinheiro forte para manter o negócio funcionando.
Mas há outras opções, como o restaurante do Paulo, bem rústico
e muito mais característico com o clima do lugar. Pena que a maioria dos guias
acaba levando o turista para o beach club,
por ganhar comissão.
Tatajuba e Lagoa Grande
O passeio para o lado oeste guarda algumas boas surpresas.
Já começando pelo caminho, repleto de dunas que desvendam paisagens fantásticas
escondidas atrás delas, com formação de lagos. Tanto de buggy quanto de
quadriciclo, o passeio se torna ainda mais prazerosa com as subidas e descidas
alucinantes. Talvez a única furada desse passeio seja a parada para ver cavalos
marinhos. Como já viajei sabendo dessa furada, pedimos para o guia pular essa
parte e seguir para o ponto principal. No caminho, passamos por uma espécie de
mangue, com árvores e galhos baixos, que garantem um “parque” repleto de
balanços (de todas as alturas) e redes. A parada é rápida, apenas para garantir
boas fotos para seu Instagram. Seguindo viagem, a parada seguinte é no famoso
Skibunda em uma das dunas mais altas. Em período de chuva, forma-se um pequeno
lago, onde quem desce de skibunda, cai direto na água. Imperdível! Os “donos da
bola” cobram R$10 para você descer quantas vezes quiser... Você, empolgado,
pensa “opa, vou descer umas 10 vezes!”. Você desce uma, sobe, desce duas,
sobe... ufa, peraí (para pra pegar um folego), opa, desce três e... chega.
Nossa, a subida cansa! E daí você desiste de brincar, porque como diz o ditado
“para descer, todo santo ajuda, já pra subir...” valem suas pernas para
aguentar!
Já na Lagoa Grande, o passeio encontra o ponto máximo! Você
se depara com uma lagoa tranquila, cheia de redes e se esquece da vida urbana!
O cardápio oferecido é algo inusitado. Ao invés de folhas com os nomes e seus
devidos valores, o garçom traz uma bandeja. Sim, é isso mesmo. A bandeja com
peixe, camarão e lagosta vem para você escolher qual quitute você opta para ir
ao fogo, garantindo que tudo ali é super fresco! Os valores? “Nada que não
possamos negociar...” E assim você acaba escolhendo o prato e, só depois de
comer, você saberá a conta, rs. No nosso caso, insistimos para saber os
valores. Um peixe grande custava R$170 para até quatro pessoas, quatro lagosta
R$120, uma porção de camarão saia por R$70.
Na lagoa, é possível praticar SUP ou caiaque, e descer num
toboagua improvisado bem interessante. O passeio todo dura por volta de 5
horas. A volta é pelo mesmo caminho pela praia (se a maré tiver baixa), ou
pelas dunas. Lembrando que apenas as Dunas de Tutujuba são liberadas para andar
de buggy ou quadriciclo. É proibido dirigir Parque Nacional de Jeri.
Gastronomia de Jeri
A gastronomia de Jeri é um item a parte do roteiro. Há 15
anos, quando conheci Jeri, contava-se nos dedos o número de restaurantes e
bares que valiam a pena conhecer. De lá pra cá, o comércio da vila cresceu
absurdamente, e para muito melhor. São muitas opções, desde botecos e quiosques
simples na rua, até restaurante refinados, com cardápios de alta gastronomia e
custo elevado. Vale a pena apreciar seus sabores e alguns cantos que reservam
surpresas gastronômicas que difícil encontrar em outros lugares, até em cidade
grande. Minha grande sorte foi receber de um casal amigo, que passou lua de mel
por lá, um roteiro que eles ganharam e que descrevia os principais lugares para
comer, com classificação de valores (dos mais baratos $ até os mais $$$$$).
Seguimos várias das dicas e podemos dizer que aprovamos quase todas, cada um
dentro de sua categoria, é claro!
Restaurante Naturalmente – especialidade: Crepe! Gostei
tanto que voltei no último dia para jantar. A massa é absurda de gostosa, fina
e crocante! Os recheios podem ser tradicionais, mas há alguns diferentes, que
valem a pena experimentar. Preço $$
Shopping da Tapioca (Tia Angelita) – especialidade: Tapioca
(óbvio, rs!). Lugar super simples, um pouco afastado da vila, com horário de funcionamento
meio estranho pelo movimento na região (funciona das 14h às 20h), mas com uma
variedade farta de tapiocas. A sobremesa pode ser tapioca doce, mas vale
experimentar a torta de banana que é especial da casa. Preço $
Sabor da Terra – serve uma variedade de pratos típicos. Na
verdade, conhecemos o restaurante porque queríamos comer o típico baião de
dois, com carne de sol e macaxeira. Achamos lá e foi uma delícia! Preço super
justo para quantidade ($$).
Na Casa Dela – restaurante de variedades. Só o lugar já vale
o passeio. Decoração intimista, diferente, rústica, e você faz sua refeição com
pé na areia (no sabor da terra também!). Pedi um peixe na brasa (especialidade
da casa) para uma pessoa, com direito a dois acompanhamentos. O peixe era tão
grande, que serviria duas ou três facilmente. Também preço justo para o que é
oferecido ($$$).
Leonardo da Vinci – especialidade: massa. O lugar é
aconchegante, fica bem no centro da vila, e o cardápio é convidativo. Pedi uma
massa fresca com frutos do mar. Achei gostoso, mas OK. Pelo valor cobrado,
esperava mais (mais frutos do mar, inclusive!). Preço $$$$
Pimenta Verde – restaurante de variedades. Esse restaurante
ficava bem próximo à nossa pousada. Passávamos várias vezes por ele, mas nunca
parávamos lá. Até que no último dia, resolvemos almoçar por lá. E como valeu a
pena. Os pratos são bem servidos e são maravilhosos. Eu pedi, por exemplo, um
risoto de funghi, com camarão e palmito. Uma delícia! Preço justo também ($$$).
Gelato e Grano – sorveteria. Parada obrigatória para quem ama
sorvete. É tipo parar todos os dias após a refeição e provar um sabor
diferente. Caro, mas vale a pena. $$$
Serviços
- Hospedagem: ficamos na Pousada Aki Jeri, super bem
localizada. Aconchegante, ótimo serviço (ótimo café da manhã e ainda cortesia
de café e bolo à tarde), quartos padronizados espaçosos, novos e com uma delícia
rede na frente da porta.
reservas@akijeri.com.br - akijeripousada@hotmail.com.br /
(88) 9.9629.1434 / (88) 9.9973.6114
- transfer Fortaleza – Jeri: Há muitas opções de 4X4. A
maioria é particular, mas conseguimos fechar compartilhado, saindo R$300 ida e
volta por pessoa.
Claudinho Receptivo Turístico – claudio.jeri@outlook.com / (85) 9
8188-2223/ (88) 9 9992-2920
- passeios Buggy e Quadriciclo - JIC-TUR www.jic-tur.com.br / (85) 99820-7606 / (88) 99782-2928
contato@jic-tur.com.br
contato@jic-tur.com.br
Um comentário:
Ameeei!!! Realmente esse lugar é o paraíso!!! Não foi à toa q escolhi passar a lua de mel aí : )
Postar um comentário