5 de fevereiro de 2010

Prestação de Contas...

Se pararmos para refletir como a sociedade nos cobra todos os dias, percebemos que desde de criança somos “obrigados” a prestar contas! Logo criança, um adulto vem sempre perguntar: “o que você vai ser quando crescer?”. Ou seja, você não pode ser um vagabundo, afinal tem que dar certo na vida, certo?
Então vem a adolescência, e logo no final da escola o temível vestibular. É o velho dilema: “mas o garoto é tão novo ainda para escolher a profissão que irá exercer até o fim da vida”...

Mas talvez a pior cobrança é feita de forma subliminar no lado afetivo. Em princípio, não chega ser uma cobrança verbalizada, direta, do tipo “você não vai arranjar um emprego? Você não vai estudar e se formar?”. Não é assim... É uma cobrança sutil que se torna intensa conforme o passar dos anos...

Quando você está na idade “ideal” para namorar (existe idade ideal?), as pessoas (pai, mãe, avó, irmão, primo, amigo da escola etc) começam a perceber que já está na hora de você arranjar uma namorada (ou namorado). Daí, vem a iniciação sexual na puberdade. Para os garotos, a idade média para perder a virgindade é aos 13, 14 anos. Já as meninas, isso varia bastante, conforme a educação, as condutas, influências alheias etc.

Na época de nossos pais, não tinha dúvida: meninos começavam cedo a vida sexual, enquanto as meninas deveriam casar virgem. Os próprios homens cobravam isso das mulheres, indiretamente. Fazia com as “erradas”, para casar com as “certinhas”. Atualmente, o homem não tem a mesma visão e não importa se a namorada é virgem ou não. Muitos até preferem que não sejam mesmo...

Se o menino, ou a menina, não arranja um namoro, uma paquera ou qualquer coisa parecida, inevitavelmente as pessoas já começam a perguntar “mas qual o problema dele?”. “Será timidez extrema?”. Chegam até duvidar da sexualidade da pessoa. “Esse garoto é estranho... nunca vi pegando mulher, parece até que é viado”.

Os anos passam, e as cobranças aumentam. As conversas surgem em momentos familiares, durante um almoço de domingo aqui, uma festa de parentes ali, ou encontro de amigos, em jogos do tipo “verdade ou consequencia”, e por aí vai... .Sempre há um pré-julgamento por trás de tantas perguntas. Afinal, por que será que essa criatura não arranja alguém? Será que ele (ela) ainda é virgem?

Aos mais descolados, qualquer tipo de “cobrança” é tirado de letra com respostas diretas como: “estou bem só, obrigado”, ou até de forma grosseira “tá preocupado comigo por quê?”. Já para os complexados, isso é uma tortura. Toda vez que o assunto vem à tona, a criatura dá um jeito de sair pela tangente, ou dá respostas evasivas ou assume mesmo que tem dificuldade de relacionar com alguém. Dependendo do grupo de ouvintes, ou vira chacota e passa a ser sacaneado pelos “amigos”, ou é dito como “coitado, né, ele não passa de arroz de festa”, ou então recebe “conselhos amorosos”, que podem ser extremamente desastrosos.
Neste caso, é um tal de arranjar pretendentes que só faz desanimar a busca do par perfeito. Todo mundo tem uma amiga, uma conhecida, uma prima, uma vizinha, uma colega de trabalho, (traduzindo: uma carente e necessitada como você) para apresentar. E a cada tentativa, cria uma expectativa tão grande entorno da situação, que o nervosismo bate e acaba dando tudo errado. Daí vem mais uma frustração, o desânimo, a vergonha, a baixa estima etc.

Entretanto, quando a criatura consegue de fato sair da solteirice e arranjar uma pessoa bacana, aí é motivo de festa e se torna um acontecimento! Todos querem saber quem é a felizarda (ou a coitada), conhecer, bajular, comemorar como se fosse uma vitória!

Exageros à parte, as cobranças existem sim, muitas vezes de forma inconsciente, camuflada, silenciosa, insistente e até maliciosa, mas existe. As pessoas têm que se encaixar no padrão que a sociedade estabeleceu. Todos devem nascer, crescer, casar e procriar, invariavelmente. Mesmo que você seja contra tudo isso.

De toda forma, os que “não se encaixam” no perfil social pré-estabelecido, devem ter consciência que vão esbarrar com muitos preconceitos no caminho, começando pela família. Resta saber se esses são bem resolvidos e levam isso numa boa!

2 comentários:

Ju disse...

hahahaha

Olha até uma certa etapa do texto eu não entendi da onde veio essa inspiração... mas quando chegou: "Entretanto, quando a criatura consegue de fato sair da solteirice e arranjar uma pessoa bacana, aí é motivo de festa e se torna um acontecimento! Todos querem saber quem é a felizarda (ou a coitada), conhecer, bajular, comemorar como se fosse uma vitória!"

Visualizei tudo...

;)

railer disse...

temos que saber lidar com esse tipo de coisa. as pessoas são muito curiosas.