26 de março de 2010

Entrelaçados (conto)

Parte I
Parte II

Desde a separação conturbada de seus pais, ele não fala com seu pai. Julgava seu genitor um homem egoísta e interesseiro, e depois de sérias discussões, ele e seus dois irmãos deixaram de se comunicar com o pai.

Ironicamente, no novo aparelho de celular, ele havia gravado todos os nomes e respectivos números, incluindo de seus parentes mais próximos, sem identificá-los como tal. Com exceção de um: seu pai. Na verdade, ele preferiu não identificar os números salvos com apelidos ou qualquer nome conhecido porque acreditava que, por medida de segurança, em caso de roubo ou perda, ninguém saberia o contato de sua mãe, irmãos, namorada etc. Mas ele se esqueceu de trocar um nome e deixou o contato “pai” na memória do aparelho.

A tal senhora, ao buscar algum nome conhecido na agenda do celular, só conseguiu identificar justamente o número do pai do rapaz, e prontamente fez a ligação.
Em princípio, o pai desconfiou da ligação, pensando que se tratasse de um trote. Mas logo percebeu que era possível seu filho estar na praia naquele local.
Já acordado, porém atordoado com a situação, o rapaz fragilizado não soube responder as primeiras perguntas “quem sou eu, onde estou, quem são meus pais etc”. Mesmo apreensivo, deixou ser levado em ambulância para um hospital mais próximo. E a tal senhora preferiu então acompanhá-lo, para tentar ajudar no contato da família.

A senhora ainda atendeu outras ligações, e sem saber o que dizer direito, apenas avisava que o rapaz estava impossibilitado em falar. Alguns estranharam a tal voz no telefone, outros disseram que ligavam mais tarde. Entre uma ligação e outra, a mãe ligou preocupada com a demora do filho.

“Quem está falando?”, indagou a mãe amedrontada. Depois de alguns segundos, a informação foi dada para o desespero da mãe já desolada. A corrida pela busca de informações mais precisas fez a genitora esquecer da frase seguinte dita pela senhora no telefone “consegui avisar ao pai dele também”.

No hospital público, a ambulância já havia estacionado, e o rapaz direcionado à sala de emergência, acompanhado dos paramédicos.

Por ordem do destino, os genitores chegaram no local ao mesmo instante, protagonizando uma cena de desespero e compaixão. “Cadê meu filho?”, indagou o pai. “O que você está fazendo aqui?”, perguntou a mãe.

Um comentário:

Ju disse...

tchanannnnn

o que será que vai acontecer??? cenas de um dramalhão mexicano? seguido por abraços, pedidos de perdão, lágrimas e choros?

Ou um comprimento respeitoso e vida que se segue?

não perca os próximos capítulos de: ENTRELAÇADOS

heheh
beijos, ju