Sempre ouvir falar bem de Ilha Grande e, como carioca, me sentia frustrado por ainda não ter ido lá, depois de conhecer tantos lugares paradisíacos, como Fernando de Noronha, Jeri, Maragogi, Trindade etc. A verdade é que toda vez que um grupo de amigos marcava uma ida à ilha, era para acampar, algo que nunca fiz questão de fazer. Topo fazer trilhas, andar de barco, descobrir lugares de difícil acesso, mas dormir em acampamento não rola.
Vila de Abraão - centro de Ilha Grande |
Nesse longo feriado de Páscoa, que juntou Tiradentes
(feriado maior que o carnaval!), resolvemos reunir os amigos e finalmente
conhecer a tão famosa ilha. Para começar, optamos acordar bem cedo para fugir
de engarrafamento, o que foi perfeito. Assim que chegamos em Conceição de
Jacareí (um pouco depois de Mangaratiba), conseguimos embarcar no primeiro
horário de flex boat para ilha, o que realizamos em apenas quinze minutos (com
emoção!).
Praia de Palmas - trilha de uma hora de Abraão |
Já em Ilha Grande, deixamos as malas na pousada logo cedo e
decidimos pegar a trilha da Vila de Abraão à praia de Lopes Mendes, considerada
a segunda praia selvagem mais bonita do Brasil. Ok, não imaginávamos que
encararíamos um longo caminho pela frente, afinal, no mapa de trilhas da Ilha,
a “carinha sorrindo” indicava uma trilha nível fácil, sem grandes riscos. Mas
para chegar até Lopes Mendes, foi necessário passar primeiro por outras praias,
como Palmas e Pouso. E aí que percebemos a “pegadinha do Malandro”! Na verdade,
a maioria das pessoas pega um barco de Abraão até a Praia de Pouso, onde tem
uma pequena trilha de 20 minutos até Lopes Mendes (essa praia não dá acesso a
barco). A nossa caminhada então resultou em 3 horas de trilha, com muitas
subidas, descidas, pedras e um pouco de lama. Chegamos exaustos no destino
final, mas com a sensação de superação. É claro que o visual compensa todo
esforço, e não tinha uma parada que não apreciávamos a natureza e sua beleza
preservada.
Praia de Lopes Mendes |
Já no segundo dia, optamos por um passeio de barco por
pontos já badalados da Ilha, como Lagoa Azul e Verde. Confesso que foi decepcionante
o passeio, principalmente pelo número de barcos, lanchas e saveiros lotados que
ocupavam grande parte dessas praias isoladas. Além de povoado, percebia a
influência de tanta gente, com lixos espalhados no mar, o que infelizmente
descaracterizava a imagem de “preservação ambiental” da ilha. Outro problema
grave é a falta de respeito dos manobristas de lanchas, que faziam manobras
arriscadas próximo das pessoas no mar, e não respeitavam as distâncias entre as
lanchas e os saveiros. Deveria existir uma fiscalização principalmente em
períodos de grande movimentação, como em feriados, para evitar qualquer tipo de
acidente.
Lagoa Azul - concentração de barcos e lanchas no feriado |
É lógico que é preferível visitar a ilha fora de feriados e
período de férias, porque tudo é mais caro e lotado, mas se não há essa opção,
o melhor é tentar fugir das aglomerações, como esses passeios de barco. Há
praias praticamente desertas e próximas de Abraão, como Palmas e Abraãzinho,
que já merecem a viagem. Nada se compara a qualquer praia do Rio, porque a
tranquilidade do mar, praticamente sem onda, a faixa de areia, o verde em
volta, enfim, tudo isso nos leva a sensação de isolamento total.
Superpopulação na Cachoeira da Feiticeira |
Ilha Grande preza pela beleza natural, portanto, quem busca
muito conforto e serviços de alto padrão, lá não é o melhor lugar. Assim como
Fernando de Noronha, para conhecer bem a ilha tem que estar disposto a caminhar
muito, se aventurar nas trilhas ou pelo menos não se importar em andar em barcos
e taxi boat, que oferecem serviço de transporte para algumas praias mais
conhecidas. A cachoeira da Feiticeira é uma opção para quem não gosta só de
praia e tem uma trilha de uma hora de Abraão até lá.
A Vila de Abraão é o único centro da ilha, mesmo assim
parece uma cidade cenográfica, onde só se anda a pé e onde tudo acontece. E
como a proposta é curtir a natureza, à noite a programação não é tão variada, com
opções de bares e restaurantes descolados, uma concentração de gente perto da
Igreja, onde rola uma música ao vivo e, para quem quer arriscar uma noite roots,
um forró e reggae na praia de Palmas até as 6 da manhã. Lá também tem um lugar
de nome esquisito – Espaço Ipaum Guaçu – onde rolam festas. Inclusive,
finalizamos nossa viagem com uma festa à fantasia no domingo de Páscoa, com muita
gente animada em todos os sentidos, rs.
Restaurante com decoração descolada no centro de Abraão |
Mesmo em um feriado longo, fica difícil conhecer todas as
praias da ilha. E sinceramente, não vale a pena passar o dia andando de lancha
para tentar percorrer todos os principais pontos. Ficaram faltando dessa vez
praia do Aventureiro, Caxadaço, Dois Rios, a gruta do Acaiá, Parnaioca etc. Para
quem mora no Rio, ter um lugar paradisíaco como esse a duas horas da cidade, só
aumenta a vontade de voltar mais vezes, principalmente longe dos feriados
prolongados.
Aqueduto de Lazareto no centro de Abraão |
Um comentário:
esse lugar é lindo!
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