Eles se conheceram no cursinho pré-vestibular. Estudaram juntos, passaram para a mesma faculdade, mesmo curso, mesma turma. A convivência era intensa e se extendia para as suas casas. Ela namorava na época um militar. Ele preferiu curtir a vida de solteiro. Às vezes pintava uma cena de ciúmes entre eles. Um confidente do outro. Compartilhavam suas experiências, seus amores, aventuras, até que ela resolveu se casar. Ainda estavam cursando engenharia.
Ele não foi convidado para padrinho, mas com certeza era um convidado especial. Até seus familiares foram convidados para o casório. E que casamento! O mosteiro de São Bento, com sua elegância banhada a ouro, repleto de flores e luzes. As espadas se cruzaram para os recém casados passarem. Um lindo casamento.
O marido foi transferido para Santa Catarina, e ela teve que se despedir da família e dos amigos para viver numa nova e estranha cidade. A distância era grande. Mas o casamento valia pena.
Um ano depois, ele decide pôr fim àquela história romântica. “Não era bem isso que esperava para minha vida”, simples assim, como se fosse trocar uma peça decorativa da sala. Mas a verdade veio à tona. Havia uma terceira pessoa no jogo conjugal. Uma antiga e resistente amante, que esperou o matrimônio se consolidar para provocar a bruta e seca separação.
Ela voltou para o Rio, desolada, arrasada, descrente do casamento. Mas encontrou o conforto e o amparo de um ombro amigo, aquele antigo amigo da faculdade.
Amigos eles já eram, mas o momento pedia uma atenção maior, um carinho maior. A afinidade também era grande. Passaram a se ver mais, sair mais, viver mais. Com a convivência maior, foi quase dedutiva uma aproximação afetiva. O olhar passou a ser diferente, havia um brilho diferente. O ciúme também aumentou. O sentimento de posse era visível. A amizade se confundia com amor. E este sentimento acabou vencendo.
Eles se casaram. Não no papel, mas na vida à dois. Foram morar juntos. Certamente um casamento perfeito. Eles se completam em tudo. Curtem as mesmas amizades, os mesmos passeios, os mesmos desejos, as mesmas viagens.
Almejavam o mesmo futuro: trabalhavam muito para curtir a vida. Viajaram muito, conheceram várias cidades, países, culturas. É a tal da afinidade, não adianta. Até o espírito aventureiro era compartilhado.
Depois de oito anos dividindo o mesmo teto, eles anunciaram o fim do casamento para surpresa de todos. Ninguém acreditava. Nem Eduardo e Mônica eram tão perfeitos quanto eles. Até hoje não tem uma explicação para o fato. “Incompatibilidade de idéias”. Como assim? Não eram tão afinados?
Vai entender a mente humana...
Separação sim, fim da amizade não. Esta continua acesa, como sempre foi. Talvez confundiram as coisas, nem sempre tamanha afinidade significa sucesso no casamento. A parceria pode ter chegado ao fim entre quatro paredes, mas não fora de casa. A separação ainda dói, mas são amigos para sempre...
(baseado numa história real, pra falar a verdade, bem próxima! Aliás, na época da tal separação, escrevi um post “Eduardo e Mônica se separam” )
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