Já foi o tempo que um simples vaso sanitário causou escândalo
e revolta, quando Marcel Duchamp desafiou a definição de arte em 1917. Outros artistas,
como Andy Warhol e Roy Lichtenstein, clássicos da Pop Art, também já surpreenderam
o mundo com suas obras curiosas como latas de sopas Campbell.
A máxima “a arte imita a vida” já virou lugar comum faz
tempo. A dramaturgia nasceu assim e até hoje a arte é o espelho da realidade,
em grande parte. Mas quando nos deparamos com filmes e peças teatrais cuja
temática chega ao extremo do sensacionalismo, da bizarrice, da falta de
escrúpulo, perguntamos: até onde vai o limite da arte?
“Arte – 3. Atividade
que supõe a criação de sensações ou de estados de espírito de caráter estético,
carregados de vivência pessoal e profunda, podendo suscitar em outrem o desejo
de prolongamento ou renovação/ 4.
A capacidade criadora do artista de expressar ou
transmitir tais sensações ou sentimentos” – dicionário Aurélio da Língua
Portuguesa.
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cena de "A Serbian film" - foto divulgação |
Tal atitude ainda causou revolta de pelo menos 150 pessoas
que protestaram na cidade a proibição do filme, o que levante outra questão:
“isso não seria censura à liberdade de expressão e arte?”. Sim, isto é censura.
Mas e daí? Isso pode ser considerado arte mesmo?
Sou contra a censura, ao mesmo tempo não concordo com
justificativas do tipo “isso vai contra aos valores da Igreja e da família, blábláblá”,
porque isso é discurso de “conservador hipócrita”, carregado de preconceitos, estilo
Bolsonaro. Todo mundo tem o direito de assistir, ver, ouvir o que bem entender,
desde que tenha idade para isso. Entretanto, o que venho ressaltar aqui é como
um filme pode abordar uma temática tão sub-humana como essa?
Somos diariamente massacrados com informações de violências,
explosões, antetados, assassinatos, terrorismo nos noticiários. Ainda
assistimos a mesma violência retratada na cultura de massa, seja na novela, no
seriado policial, no cinema etc. No fundo, já nos acostumamos com esse tipo de
“verdade”, e até celebramos o sucesso de filmes como “Tropa de Elite”, “Cidade
de Deus”, “Carandiru” e o mais recente “Assalto ao Banco Central”. Vivenciamos a violência todos
os dias, seja na vida real, seja na ficção.
Na mesma semana em que deparamos com uma morte estúpida de
uma cantora no auge de seu sucesso, porém mergulhada no mundo obscuro e fatal
das drogas; somos ainda surpreendidos com “obras artísticas” como essas, com
único intuito de... chocar!
Leia matéria sobre o filme
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